12 de março de 2007

Crise do Império

Bom, esse texto é um resuminho sobre a crise que abalou o Segundo Reinado e possibilitou a Proclamação da República.

O processo que levou à crise do Império

- Emergência de novos grupos sociais

Desde a década de 1870 a economia vinha passando por rápidas transformações. O café a altos preços era exportado, com isso o comércio externo crescia rapidamente, as ferrovias expandiam-se unindo as principais regiões do país. O comércio externo diversificava-se. Isso tudo estimulou o surgimento de uma classe média formada por profissionais liberais, pequenos comerciantes e industriais, militares e funcionários públicos civis, cafeicultores. Essa classe média conseguia crescer cada vez mais, mas não conseguiram o poder político que precisavam, os órgãos administrativos eram antiquados e ineficientes, assim a camada média desejava reformar o aparelho do estado adaptando-o as novas necessidades. Para isso aderiram à causa republicana.

- Questão religiosa

A constituição de 1824 assegurava a união entre Igreja e Estado.

Em 1872 os Bispos de Olinda e Belém determinaram que as irmandades religiosas expulsassem as pessoas ligadas à maçonaria. O imperador ordenou o cancelamento da medida. Os Bispos se recusaram a cumprir a ordem, foram presos e condenados a trabalhos forçados. Apesar da anistia concedida em 1875 as relações Igreja-Estado se deterioraram e alguns padres passaram a apoiar a causa republicana.


- Questão militar

Quando os militares voltaram da Guerra do Paraguai, estavam fortalecidos, vitoriosos e queriam que os civis lhes retribuíssem os sacrifícios feitos em combate, com respeito e promoções mais rápidas. O governo imperial não atendeu a nenhuma destas pretensões, aumentando o fosso que separava os militares , vindos em sua maioria das camadas médias, do Império elitista e aristocrático.

Os militares achavam que o país deveria ser governado com base em princípios científicos, técnicos, matemáticos e que os políticos civis eram ótimos para discursar mas péssimos para governar. Tal linha de raciocínio vem da filosofia positivista do matemático e filósofo Augusto Comte. Comte era republicano e foi o fundador do positivismo , sistema que em política, defendia a instalação de uma república centralizada e forte.

Em 1883,alguns oficiais do exército, liderados no Rio de Janeiro pelo tenente coronel Sena Madureira, atacaram pela imprensa um projeto de reforma do montepio militar em tramitação na Assembléia Geral. O projeto foi arquivado, mas o governo proibiu manifestações de militares pela imprensa.

No ano seguinte , Sena Madureira manifestou apoio a um jangadeiro cearense, que se recusou a transportar em sua jangada escravos para um navio negreiro. Como punição, o governo o transferiu para o Rio Grande do Sul. Em 1886, Sena Madureira publicou um artigo sobre o episódio no jornal republicano A Federação. O ministro da Guerra exigiu sua punição.

Em Porto Alegre, o marechal Deodoro da Fonseca, presidente e comandante militar do Rio Grande do Sul, recusou-se a punir Sena Madureira. A resposta do governo foi destituí-lo da presidência e do comando militar da província. Deodoro voltou ao Rio, onde foi recebido em triunfo por militares e republicanos. Assinou então violento manifesto escrito por Rui Barbosa em defesa do exército. Para contornar a crise, o governo cancelou as punições.

- O golpe final

A grande base de sustentação do império eram os donos de terras e escravos. Com a abolição, a monarquia perdeu essa força de sustentação. A campanha abolicionista havia agitado o país de norte a sul, interligando-se com a campanha republicana, desmoralizou as

autoridade imperiais, cujo poder desmoronava.

Após o lançamento do manifesto Republicano, surgiram clubes e jornais antimonarquistas em todo o país. Em 1873, os republicanos de São Paulo realizaram a Convenção de Itu. Seu objetivo foi unificar os movimentos contra a monarquia num único partido, liderados pelos grandes fazendeiros do café. Da reunião surgiu o Partido Republicano Paulista (PRP).

A partir de então, a campanha cresceu rapidamente, ganhando força irresistível depois de 1880, mas faltava um empurrão final. Esse seria dado pelos militares. A 11 de novembro de 1889, diversos republicanos, se reuniram com o marechal Deodoro da Fonseca para convencê-lo a liderar o golpe final contra a monarquia.

Deodoro assumiu, a 15 de novembro, o comando das tropas do Rio de Janeiro e ocupou o Ministério da Guerra. Nesse momento Deodoro proclamou a República.

** Fim da escravidão

Depois da guerra do Paraguai, que terminou em 1870, a emancipação dos escravos virou questão de honra nacional. Nos campos de batalha, ao lado dos homens livres, lutaram muitos escravos, estimulados pela promessa de liberdade. Entre os Voluntários da Pátria, como eram chamados os pelotões que lutavam na guerra, formaram-se inúmeras divisões compostas apenas por negros e que foram decisivas para a vitória nacional.

Com o aumento do movimento abolicionista, começaram a surgir associações que ajudavam os escravos a fugir, quebrando a disciplinas nas senzalas.

Duas leis que reconheciam o direito dos escravos à liberdade se sucederam, antes daquela que pôs fim à escravidão: a lei do Ventre Livre, de 1871, declarando livres os filhos de escravas nascidos a partir daquela data; a lei dos Sexagenários, de 1885, emancipando os escravos maiores de 60 anos. Os abolicionistas a consideraram brincadeira de mau gosto, pois a vida útil do escravo adulto era em média de dez anos e, portanto, haveria muito poucos acima desta idade.

No auge das campanhas, a 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a lei Áurea. Tinha apenas dois itens:

art1º - É declarada extinta a escravidão no Brasil

art2º - revogam-se as disposições em contrário

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